The Elder Scrolls II: Daggerfall, lançado nos idos de 1996. A série
The Elder Scrolls tem uma jogabilidade bem característica, e um mundo tão complexo quanto o de D&D ou Lord of The Rings. A respeito da construção personagem, e do role playing, o segundo jogo da série não inova muito em relação ao primeiro, mas isso não significa algo ruim! A visão 3D oferece uma ação de jogo dinâmica e envolvente, bastando apenas um clique no botão de ação para atacarmos, conversamos, roubarmos ou observarmos. (Apenas cuidado para não meter uma clava na cabeça do mercador!)
O jogo começa com a criação do seu herói/heroína: você deve escolher uma raça, e cada uma delas possui uma variação regional de atributos, e de sexo também. Não aconselho fazer Redguards (female) ou Nords (male), pois são os que mais perdem atributos. Outro aspecto interessante é a variedade de classes que vão além do warrior/theft/mage/priest. Você ainda pode customizar seu personagem, seja respondendo questões sobre seu passado e conduta, ou distribuindo os pontos da maneira que desejar (se você fizer uma classe fixa, também terá um número de pontos para distribuir). À medida que o jogo avança, você ainda pode se filiar à guildas de magos, covis de ladrões, associações de guerreiros, e em todas elas conseguir missões e treinar suas habilidades. É importante ressaltar que a evolução dos personagens depende estritamente do treino da habilidade específica da classe: ou seja, você não vai ganhar experiência se for um mago e ir bater com uma clava em monstros, mas vai ganhar usando magia; da mesma forma, um ladrão vai evoluir roubando, abrindo fechaduras, etc.
O sistema de vestimenta e armadura dos personagens é muito divertido, chamado de “paper doll”, como as bonequinhas de papel reais. É uma maravilha poder escolher entre milhares de vestidos, cotas de malha, elmos e espadas e ir enfrentar a próxima dungeon, só nessa parte, boa parte dos jogadores já acha muito o que fazer. Mas ir até a dungeon a pé é tão ruim quanto ir até o shopping de ônibus, então é melhor comprar um cavalo. Ah, e dinheiro pesa, infelizmente. Não são todos os monstros que liberam equipamento, dinheiro e ingredientes, mas é preciso escolher sabiamente o que pegar, pois em todas as masmorras seu progresso é apagado se você for embora. Além do mais, você pode achar pelo caminho ingredientes para poções, ou comprá-los em lojas; isso é especialmente importante para a evolução do mago.
Não existe problema em entrar em mais de uma guilda, para conseguir suas missões e/ou treinar habilidades; mas é preciso ser cuidadoso na escolha de um templo, pois uma vez que você entre é muito trabalhoso sair. Aparentemente o templo de Arkay é o melhor, pois vende soul gems. Uma outra coisa boa dos templos é que eles podem fornecer cura, e não me refiro apenas às batalhas, pois existe uma lista de doenças que você pode contrair, incluindo febre tifóide, demência, cólera e lepra.
Uma das melhores vantagens do jogo é seu sistema não linear de avanço dentro da história. Existem, é claro, as missões chave que abrem caminho para os finais, que, dizem os bardos, são seis; fora isso, o mundo é livre para ser explorado, com milhares de Dungeons e cidades – milhares mesmo! – dando uma sensação inigualável de imersão.
Segundo a Bethesda, produtora da série, a área total do jogo é de simplesmente
487.000 Km², ou seja, duas vezes o tamanho da Grã-Bretanha. Então, retroboys e retrogirls, se vocês tiverem o hábito de explorar cada pedacinho do mapa, desistam de suas pós-graduações e comecem a jogar 13 horas por dia.
Enfim, Daggerfall – ou melhor, a série toda The Elders Scrolls – é uma obrigação na história de vida de todo rpgista e gamer: pois eu nunca vi um jogo no qual o sentido exato de ser um personagem de fantasia medieval se concretize com tanta realidade, com todas as suas dificuldades, mas, especialmente, com todos seus prazeres.